terça-feira, 11 de janeiro de 2011

The singer goes down on stage!

Hoje o Blog do Alex vai voltar alguns anos atrás, para falarmos de um grande talento da música. Todavia não falaremos de nenhum cantor que fez turnês milionárias pelo mundo ou que recebeu inúmeros Grammy's e que pouquíssimas pessoas conhecem. Isso porque, infelizmente essa pessoa acabou sendo vítima de um mundo que sobrepôs o dinheiro ao talento e no final das contas o mesmo mundo o deixou para fazer tudo sozinho, sem nem se importar como aquele frágil psicológico reagiria. E justamente por isso, o sonho de ser um grande talento reconhecido acabou tragicamente. Falaremos de Kevin Gilbert.

Welcome to Joytown

Você que gosta de Genesis, deve ter achado o álbum Calling All Stations pra lá de controverso. É um disco excelente, Ray Wilson é um bom cantor e ouve canções que realmente ainda mostraram o lado prog da banda, como One Man's Fool. Mas para muitos, aquilo não é Genesis, e sim uma tentativa de prosseguir com um nome de uma banda, que logo em 1998, viu que foi algo totalmente frustrante. Mas acreditem - até 1996, Calling All Stations era algo totalmente inimaginavel na cabeça de Banks e Rutherford, e Wilson era ainda aquele cara que estourou nas baladas com Inside, da sua banda pós-grunge Stiltskin.

O que aconteceu na verdade, naqueles idos da década de 90 no Genesis é uma história que poucos sabem. Como é de conhecimento, a carreira solo de Phil Collins ia de vento em popa, principalmente após o lançamento do álbum Both Sides em 1993, além da carreira de Mike Rutherford com o Mike and The Mechanics, que havia sido bastante proveitosa com o álbum Beggar on a Beach of Gold. O Genesis então ficou meio que em segundo plano. Quando a banda resolveu que queria lançar outro material, Phil Collins decidiu deixar a banda, no qual havia ficado 25 anos seguidos como baterista e vocalista. Então a banda estava a precisar de um bom vocalista, que correspondesse ao staff da banda.

Ray Wilson não foi a primeira opção. Essa posição pertenceu a um jovem cantor, que na época tinha apenas 27 anos e que já havia sido elogiado por grandes nomes da música, entre eles, o mega tecladista Keith Emerson. O nome desse jovem: Kevin Matthew Gilbert, americano, nascido na California em 1967. Desde cedo envolvido no mundo da música, este obscuro talento havia ganho um premio internacional em um concurso de tecladistas promovido pela Yamaha em 1988, e já havia começado um ano antes com uma banda chamada NRG. Posteriormente ele formou sua própria banda de rock progressivo chamada Giraffe, despertando a atenção de muita gente, como por exemplo, do tecladista Pat Leonard, que trabalhara no álbum A Momentary Lapse of Reason do Pink Floyd em 1987. Leonard se surpreendeu com a capacidade para qual Gilbert tinha como todos os instrumentos, e decidiram então trabalhar em um projeto musical juntos. Nisso, surgia a

[caption id="attachment_142" align="alignleft" width="250" caption="Uma rara imagem dos dois principais nomes do Toy Matinee: Pat Leonard e Kevin Gilbert"][/caption]

banda pop Toy Matinee, que lançou o seu álbum homônimo em 1990. O álbum tinha ótimas canções, porém não ouve sequer um pingo deincentivo da gravadora, tornando o álbum um fracasso de vendas. Com isso, Leonard decidiu simplesmente encerrar a história do Toy Matinee um ano depois.







Com isso, Gilbert começou a trabalhar tocando em bares californianos, sendo o principal deles o The Tuesday Music Club. Foi nesse cenário que ele conheceu a pessoa que mudaria completamente a história do músico, uma jovem cantora iniciante, mas que já despertava bastante talento chamada Sheryl Crow. Disso surgiu um relacionamento amoroso que parecia que iria dar de vento em popa: Kevin produziu o primeiro álbum da cantora, que levava o mesmo nome da casa de show onde se conheceram, fazendo ela estourar nas paradas. All I Wanna Do virou hit, ganhou dois Grammy's e tornou conhecida em todo mundo. Essa seria a hora de Gilbert ter seu talento espalhado pelo mundo. Infelizmente não foi assim. Depois que o sucesso começou a estourar de vez, Sheryl terminou o namoro com Gilbert, demitiu não só ele, mas também todo o staff que Kevin trouxe para produzir o disco. Querem ver a única menção que aparece à ele? No encarte do álbum, aparece Kevin simplesmente como tecladista do álbum, sem sequer ganhar um dolar pelo trabalho.

A partir daí, bastante magoado, Kevin torna-se uma pessoa diferente. Sem incentivo de nenhuma gravadora, ela passa a produzir trilhas sonoras para a televisão e longas. Mas como seu talento não era só isso, ele resolveu então trabalhar em um projeto solo. E o mesmo saiu: em 1995, era lançado Thud, um álbum inteiramente produzido por Gilbert que compôs, tocou vários instrumentos e cantou todas elas. Porém sem marketshare necessário, o álbum teve pouquíssimas vendas e se tornou raríssimo. Chegou-se até a fazer uma pequena turnê, restrita apenas à alguns estados americanos. Vídeos desses shows eram raridade até o lançamento do DVD Kevin Gilbert & Thud - Live at the Troubadour em 2009, que vinha acompanhado do álbum remasterizado.

Mas claro, quem conhecia o talento daquela fera, sabia que ele poderia ter uma grande chance de brilhar. E aí entra o Genesis. Com a saída de Phil Collins, procurou-se então um substituto para ser o vocal da banda. Nisso, o manager de Kevin Gilbert enviou fitas com gravações de Gilbert, inclusive dele fazendo uma perfeita performance de The Lamb Lies Down on Broadway no ProgFest de Los Angeles, com sua banda Giraffe, no fim de 1994.[youtube= http://www.youtube.com/watch?v=FRwE1cWKe2k] Ver Kevin Gilbert interpretando The Lamia era como voltar vinte anos antes e ver Peter Gabriel interpretando o fictício Rael, personagem principal do álbum. Aquilo despertou a atenção de Mike e Tony, que queriam imediatamente uma audiência com ele, para já planejarem um novo trabalho. Era como se o californiano fosse aquilo que faltasse para o Genesis não sucumbir. Então, assim que teve ciência da  noticia, o empresário de Gilbert foi até o seu apartamento para lhe dar a noticia. Ao chegar, encontra a porta do mesmo trancada, mesmo sabendo que Kevin não estava saindo de uns tempos recentes. Então depois de muita insistência, a porta é aberta e a cena é desesperadora: Kevin está no chão, desacordado. A emergência é chamada, todavia nada mais podia ser feito: Gilbert estava morto, com apenas 29 anos de idade, e sem completar aquilo que seria a sua maior conquista: ser reconhecido em uma banda de renome pelo seu talento.

O que muitos pensariam que seria uma overdose, um suicídio com arma de fogo, caiu por terra com a causa mortis emitido pelos legistas: Gilbert faleceu vítima de uma Asfixia Autoerótica, que geralmente provocada durante a masturbação ou no ato sexual quando se tenta prender a respiração para se obter mais prazer, e aí meu amigo, o cérebro fica sem oxigênio suficiente e a pessoa corre sério risco de vida. Outro grande talento da música, o australiano Michael Hutchence, vocalista do INXS, morreria no ano seguinte da mesma causa. O mais desconsertante é que sabe-se que Gilbert fora cremado, porém não se sabe até hoje onde foram depositadas as cinzas.

Claro, tinha muita coisa ainda que aquele cara havia deixado incompleto, afinal um talento tão grande não iria se resumir em um setlist tão pequeno. Foi então descoberto vários trabalhos de Kevin que estavam incompletos, entre eles o mais genial deles: The Shaming of the True era uma ópera rock que contava a história do personagem fictício Johnny Virgil, um jovem que sonhava brilhar no mundo da música, e que quando se encontrava no auge do sucesso, passou por tudo que o universo financeiro da música oferece para detonar a carreira de qualquer um. As letras são excelentes, inclusive podemos destacar a música Suit Fugue, feita toda acapella e talvez a música que mais destaque no álbum: Certifiable #1 Smash. O trabalho estava incompleto e coube ao baterista do Spock's Beard, Nick D'Virgilio, grande amigo de Kevin concluir a instrumentação que faltava do trabalho, tendo o mesmo sendo lançado em 2000. Uma obra que foi praticamente uma autobiografia de Kevin Gilbert expressada em música, que pode ser comparada aos personagens épicos criados pelo rock progressivo, como Rael de The Lamb Lies Down on Broadway (Genesis) ou Pink de The Wall (Pink Floyd), mas que assim como os outros álbuns não teve destaque e é raridade de se achar, a não ser no site oficial do mesmo, ou de maneira ilegal em sites russos de download.

[caption id="attachment_146" align="aligncenter" width="450" caption="O diário da vida musical de Kevin exposto na alma de Johnny Virgil. Isso é o The Shaming of The True"][/caption]

Posteriormente foram se achando outros trabalhos incompletos, como a dupla de álbuns Bolts e Nuts, gravados no início de 1996 e sendo lançados em 2009 juntos. Contam com algumas inéditas e regravações do álbum Thud e Toy Matinee. Foi também lançado o Kaviar Sessions, álbum que Gilbert gravou com a banda Kaviar, que possui letras de temática adulta, não recomendado para menores de 18 anos, além da coletânia Giraffe, contando com os grandes hits de sua primeira banda. Isso tudo em 1999. No ano de 2002, o tecladista Keith Emerson lançou em seu álbum Emerson Plays Emerson uma música For Kevin, homenageando seu grande amigo de época.

Realmente, foi um grande talento, talvez o músico mais injustiçado da história, mas que hoje deve estar tocando sua bela melodia em um lugar que ele sempre quis ter, tendo aquilo que sempre desejava: viver para a música, como ele canta na música Parade, que abre a sua ópera-rock póstuma.

 

Tá, vocês irão dizer que esse artigo está muito parecido com o da Wiki. Explico porque: o da Wiki fui eu que escrevi também, afinal era o mínimo que eu podia fazer para um grande ídolo que eu não tive a chance de ver, de assistir e que muitos daqueles que gostem de boa música possam ainda apreciar. E aproveitando a oportunidade, vou deixar uma palinha para vocês ouvirem. No site oficial, foi disponibilizado gratuitamente (isso mesmo, 0800) o primeiro trabalho de Gilbert como músico, feito junto com seu amigo Jason Hubbard, em 1984. O álbum foi intitulado No Reasons Given, tendo Gilbert apenas 16 anos quando o mesmo foi gravado. Alguém duvida que o cara era um puta talento?

http://kevingilbert.com/audio.htm

 

Um grande abraço e até a próxima!

 

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