domingo, 24 de abril de 2011

Pessoa pública, postura restrita! Não se pode falar o que quer!

Essa semana foi marcada por um fato que deixou opiniões bastante divididas na imprensa brasileira. Se trata do plágio dito por muitos feito pelo grupo de axé music Parangolé da música Nova Era do grupo de Power Metal brasileiro Angra. Segundo alegado, os músicos baianos usaram sem a permissão do grupo de rock, o riff usado na música citada. Enfim, se foi plagio ou não, se vai dar processo ou não, apesar de ser muito fã do Angra, não vou falar sobre isso neste post e sim de algo que tende a repercutir diretamente não só nesse affair, mas em muitos outros que virão por aí.

O fato veio a tona no inicio da semana, tendo reportagens citadas nos principais telejornais do país. Na quarta feira, o Jornal da Globo com a apresentação de William Waack fez uma matéria a respeito do ocorrido, que segundo alguns, foi extremamente tendenciosa ao grupo Parangolé. Além disso, a produção da mesma cometeu o erro de creditar a composição da mesma ao guitarrista Kiko Loureiro, quando na verdade, o compositor foi o vocalista Edu Falaschi. E como estamos na era das Redes Sociais, aonde mais essa discussão poderia parar? No Twitter é claro! Logo apareceram milhares de usuários que criaram a hashtag #parangolixo hostilizando o acontecido, havendo insultos totalmente direcionados ao vocalista do Parangolé, Léo Santana. E foi justamente aí que começou a troca de farpas.

Kiko Loureiro enviou um tweet, falando a seguinte frase: "Podem até usar os riffs, mas  façam música boa com eles!", direcionado ao produtor da banda. A partir daí, Leo Santana começou a agir de maneira totalmente hostil, falando que iria começar a ouvir mais Angra para imitar mais. Vieram então, varias outras respostas de Loureiro e também do baixista Felipe Andreoli, como podemos ver nas imagens abaixo.

Leo Santana dando um belo exemplo de como um artista NÃO deve agir em uma rede social! Fonte: Whiplash


O sarcasmo do Kiko Loureiro ainda é politicamente correto. Há alguma ofensa aí? Fonte: Whiplash
A entrada de Andreoli na discussão. Fonte: Whiplash

Porém o que se vê é o seguinte: em nenhum momento, os integrantes do Angra agiram de maneira ofensiva, apenas de maneira sarcástica, ao se referir ao suposto plágio. Todavia a posição de Leo Santana foi totalmente contrária. O músico de axé disparou insultos totalmente aburdos, fazendo inclusive o uso de termos chulos, que sequer foram citados pela imprensa, já que o programa TV Fama da RedeTV mostrou a briga pelo Twitter de maneira bem sussinta. O resultado não poderia ser outro: a fúria dos roqueiros no microblog explodiu. No dia 22 de abril, aniversário de Leo Santana, uma série de xingamentos contra o músicos foi disparada no seu perfil. Ele, por consequência, nem ligou, mostrando-se inclusive com uma postura de "Não vai mudar em nada o que vocês tão falando de mim!". Apesar de não estar mais nos Trending Topics do Twitter, os hashtag #parangolixo ainda se estende mesmo passado todo o fogo da confusão. Uma declaração do vocalista Edu Falaschi foi politicamente correta. O mesmo mandou um tweet ao cantor baiano falando para resolver o assunto de maneira pacífica e com diálogo.


Reação de Edu Falaschi ao ocorrido.

Enfim, muitos irão chamar este post de tendencioso, totalmente a favor do Angra. Vamos lá: o objetivo disso que foi escrito não foi defender o grupo de rock e acusar em si o plágio, e sim, chamar atenção a uma coisa que vem ocorrendo com certa frequência. Como todos sabem, o Twitter é uma rede social bastante usada por artistas, celebridades e pessoas de bastante destaque na mídia brasileira e mundial. Com isso, direto surgem falhas ou gafes cometidas pelos mesmos. Por ser uma rede social livre, as pessoas tem o livre arbítrio de falarem o que bem entendem. Mas a partir do momento que a pessoa se torna pública, isso fica de certa fora limado. Temos que entender que nessa temática, a pessoa não é só um usuário da internet, da rede social; a pessoa se torna um objeto de holofotes e de reações, que surgirão de diferentes vertentes sobre tudo, mas tudo que essa pessoa falar. Leo Santana despertou nos tweets a postura de uma pessoa baixa e arrogante, isso no meu ver e de muitas outras pessoas, afinal, certos termos usados por ele não são adequados a uma pessoa que direciona a sua música a um público de todas as idades. É um caso que precisa ser revisto por qualquer pessoa ao se usar uma rede social. Se você é conhecido e influencia uma grande massa, seus termos precisam ser regidos de uma maneira que os mesmos ainda possuam classificação livre. Xingar nem sempre é a melhor maneira de resolver as coisas só pelo fato de isso impor machismo. Vamos repensar isso, todos nós! Twitter é para todos e deve ser escrito para que todos possam ler conscientemente.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Coisas que infelizmente não mudam!

E mais um piloto do automobilismo brasileiro entrou neste domingo dentro do seu carro, para fazer o que gosta e nunca mais voltar. O acidente fatal que vitimou Gustavo Sondermann ontem na Copa Montana, divisão da Stock Car que corre com disfarce de picapes da Chevrolet foi apenas mais um alerta grosseiro de como está a situação do automobilismo do brasil e como essa entidade medíocre chamada CBA está pouco se lixando para o lado humano da coisa. Parece que a lição não foi aprendida com a morte trágica do Rafael Sperafico quatro anos atrás, no mesmo ponto. O negocio é estampar patrocinador, dar audiência para  SporTV e o resto que se dane. Infelizmente as coisas são assim, e eu vou detalhar porque.

[caption id="attachment_175" align="aligncenter" width="450" caption="Gustavo Sondermann: Mais uma vítima da incompetência geral do automobilismo brasileiro! Fonte: Grande Premio"][/caption]

Desde os seus primórdios, a Stock Car Brasil sempre quis ser a filhinha da NASCAR: uma categoria com carros sedãs com motores potentíssimos, correndo lado a lado, tendo sempre o espetáculo como meta. Aí chega 2001, os motores de Opala são abandonados e os Stock passam a usar motor vindos dos EUA, com oito cilindros em V, 450 cavalos... Pronto, os carros viraram uma bala. E pra dar mais velocidade a coisa, a CBA resolve colocar o oval do Rio no calendário. A reação dos pilotos não foi nada agradavel, pois um tempo antes, aconteceram protestos na pista de Tarumã, considerada na época uma das mais porcas no quesito segurança (mudou alguma coisa?), nas quais correram 23 dos 35 pilotos. O piloto Xandy Negrão criticou a CBA pela escolha do Oval do Rio, deixando isso em uma entrevista que ele deu a revista Quatro Rodas em Junho de 2001. Segundo ele, os carros da Stock poderiam chegar a 270km/h na curva 3, e não teria potencia de frenagem segura para fazer a curva seguinte tranquilamente.

[caption id="attachment_176" align="alignleft" width="350" caption="O Xandy avisou, mas só ouviram depois da tragédia! Fonte: GPTotal"][/caption]

Achou-se no principio a reportagem um pouco sem importancia, até que a tragédia acontece. Quinze dias depois, o piloto goiano Laércio Justino, durante os treinos da corrida em Brasília, perde o controle do seu carro, escapa, passa por cima de um guard-rail mal colocado e bate a 175km/h em um guincho colocado fora da pista. O carro ficou completamente destruído tendo parte do seu santantônio danificado, dificultando o resgate do piloto, que demorou quase 45 minutos para ser retirado do carro. Laércio foi levado para o hospital, todavia não resistiu às múltiplas lesões e faleceu no mesmo dia. A categoria exigiu mais segurança, pilotos protestaram, mas nada foi feito. Chegou a se fazer uma analogia com o acidente que em fevereiro do mesmo ano, tirou a vida do piloto americano Dale Earnhardt nas 500 milhas de Daytona. Porém temos que levar em consideração as circustâncias: Dale usava capacete aberto e estava com o cinto folgado o que foi praticamente a sentença de morte dele ao bater no volante com tamanha desaceleração. Porém no caso de Justino, vários fatores foram absurdos: Área de escape topada de mata-burros, guard rail no melhor estilo Montjuich e pra piorar: o que a porra de um guincho faz dentro da área útil de um autódromo? A única mudança que surgiu foi a obrigação do uso do HANS. Mas, por favor né... qualquer categoria do mundo em 2001 já adotava o HANS, não tratemos isso como novidade.

E a Stock foi crescendo, crescendo, grids com quase quarenta carros em autódromos apertados e sem estrutura. Aí resolvem ir pra pista da Argentina em Buenos Aires. [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=F9HGRe1fOe8] Então, acontece outro acidente seríssimo: o piloto Gualter Sales é empurrado, escapa da pista, e bate em uma ondulação da pista, decola e cai em uma área restrita que dá acesso ao paddock. O carro se desintegrou completamente, gerando um clima de medo. Felizmente, ele sobreviveu porém abandonou a categoria. E quando tudo caminhava para a calmaria, acontece a merda.







Última etapa da Stock Car Lights em 2007: a jovem promessa, o paranaense Rafael Sperafico de 27 anos perde a vida em um acidente terrível na curva do Café. Depois de rodar, bater e voltar para a pista, seu carro é atingido em cheio por Renato Russo. Toda a carenagem do carro ficou destruída. O piloto teve morte instantânea. O fantasma da segurança dos Stock voltava a rondar, até por que a terceira irmã das categorias "No Security, Yes Speed", a Aussie V8



Supercars perdeu um dos seus grandes nomes, o piloto Mike Porters em um acidente igual no ano anterior, no circuito espetacular mas sempre inseguro de Mont Panorama. Criticou muito a curva, pois a mesma é um ponto cego, não tem área de escape e que nada foi feito desde o acidente que envolveu Mark Webber e Fernando Alonso em 2003. Falou-se muito também sobre a fragilidade dos Stock Car, que ainda usavam a clássica gaiola de aço, cobertas por fibra de vidro, tão seguros quanto papelão, enquanto por exemplo, a DTM, desde a morte do alemão Kieth Odor no circuito de AVUS em 1995, usava o monocoque de fibra de carbono. Enfim... questions? Answers? Answers? Questions? E nada foi feito novamente. Os pilotos fizeram um protesto,  pedindo para que fosse usada a chicane na curva do café, que geralmente é usada em corridas de moto. A CBA, que desde os primórdios nunca pensou no que o piloto acha, recusou a proposta sem contra-argumentação.

E agora, estamos nós, em 2011. Dezessete anos sem perdermos um piloto na F1; quatro anos sem perder um na Indy, oito anos sem perder um na NASCAR... e do nada, ligamos nossa TV e vemos a noticia que um piloto brasileiro morre após um acidente na Copa Montana. É de lascar mesmo. Temos que levar em consideração que foi constatado que o HANS de Sodermann estava mal colocado e foi responsável pelo traumatismo craniano. Mas pombas... Aonde que a F1, por exemplo, iria permitir uma corrida naquela chuva dos infernos? A estrutura dos Stock continua frágil como sempre. Se capotar, beleza, tem a tubulação toda, a cabeça do cara ta a salvo. Mas fibra de vidro não tem nenhum poder de absorção de energia, levando a força da porrada toda pro piloto. E outra, voltando na questão do HANS. EM NENHUM ESPORTE, UM ERRO HUMANO DEVE SER PAGO COM A VIDA DO ATLETA! A curva do Café continua perigosa, mas mesmo assim, ninguém toma uma atitude, e usa a tal chicane para diminuir a velocidade naquele ponto. Quer dizer, agora reabriram a discussão... Como sempre, tarde demais.

Sempre que acontecem essas batidas, me lembro de um acidente muito parecido que ocorreu em 2007 no circuito de Hockenhein, na Alemanhã na DTM. Nele, o piloto Tom Kristensen, rodou e foi atingido por outro carro em cheio.



Kristensen não sofreu um único arranhão. Isso não é apenas a mágica do monocoque, mas sim toda uma gestão que a FIA aplica em cima do automobilismo europeu para manter o consenso entre segurança e espetáculo. Enquanto isso, a labuta brasileira continua: Os stocks continuaram correndo como gaiolas mortíferas com patrocinadores do caralho a quatro por todo canto e a Rede Globo dando ênfase que é a melhor categoria de automobilismo do Brasil. E não é só isso: vemos autódromos sucateados por todos os cantos: o autódromo de Brasília, ninguém investe um puto naquele lugar e a terra toma conta de tudo. Virou lugar de constantes micarês e show de axé rolando open bar, sexo livre e afins (a garotada se amarra, mas pista pra mim é pra carros e não abadás). Ta na hora dessa entidade de bosta, chamada Confederação Brasileira de Automobilismo acordar e parar de tratar a parte humana da coisa. Dinheiro não é tudo. No ritmo que está, Sondermann não será o último. Até quando acordaremos de manhã para ver um cara perder a vida naquilo que gosta? É algo que doi para o público, para a familia, amigos e companheiros de pista e que realmente precisa ser mudado. Mas quando isso vai acontecer...? Quando quiser, basta haver gestão, coisa ausente desde sempre na CBA.