segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Onde não há espaço ao invés de espetáculo, há tragédia!

Shinji Nakano, Forth Worth, 2001. O perigo visto a tempo: corrida cancelada.


Forth Worth, Texas, 2001. O que era pra ser uma das corridas mais fodas da história da Indy-Cart (já que na época as categorias eram separadas), se transformou em um alerta geral no esporte: a corrida fora cancelada duas horas antes da largada, devido a alta velocidade média do circuito, que em alguns sprints, passava dos 380 km/h. Os pilotos começavam a se sentir mal depois de algumas voltas, fazendo com que os mesmos perdessem até o senso das cores da visão e de profundidade, provocando inclusive diversos acidentes fortes durante os treinos. Muitos fãs,  todavia muitos outros acharam a decisão dúbia, alegando que o automobilismo sempre terá o seu risco e que o espetáculo não pode parar... Não pode?

Pois é. Mas este domingo vimos qual a consequencia de colocarmos numa pista velocíssima e estreita, um número alto de monopostos. E o pior: o mundo viu isso da pior maneira possivel hoje. A tão badalada corrida de encerramento da temporada 2011 da Formula Indy, no oval de 1.5milhas de Las Vegas, no Estado de Nevada seria marcante: primeiro, por que seria a última corrida com os chassis Dallara que estão na categoria a quase uma década. Segundo, era a decisão do título entre Dario Franchitti e Will Power; terceiro: por que os pilotos que foram convidados a pilotar e que não correm na categoria regularmente, estariam concorrendo a um premio de US$ 5 milhões caso vencessem a maratona de 200 voltas.  No começo, vários pilotos se ofereceram, mas no final das contas, o único convidade foi o inglês Dan Wheldon, campeão da Indy em 2005 e vencedor das 500 milhas de Indianapolis por duas vezes. Wheldon largaria na última posição do grid, em 34º. Aí já começa a cagada de todo esse final de semana. 34 carros em um oval de 2.425 metros? Isso parece inseguro não é mesmo? Seria no mínimo um aperto, já que nem as 500 milhas com 2.5 milhas possui esse número de monopostos na grelha. Mas é inevitavel dizer que, o telespectador não pensa nessa questão. Ele pensa geralmente que, quanto mais carros, melhor, mais disputa. Mas a coisa não funciona assim.

Las Vegas Motor Speedway: o cenário da tragédia


O cenário da destruição: Carros voando, fogo e o pior ainda
estava por vir.
O que sobrou do carro de Wheldon. A marca negra no capacete
deixa claro a intensidade da pancada.
E começa a prova: Kanaan largando na pole, mantém a ponta, Will Power lá atrás, numa corrida de recuperação tenta ganhar posições. Na décima volta, Sebastian Saavedra perde o controle do seu carro na curva 1 e começa a tragédia: vários carros perdem o controle, batem, rodam, o carro da Penske de Will Power decola, passa por cima de vários carros e vai pro muro. Wheldon que já ganhara 10 posições, estando em 24º passa por cima de outro carro, decola e bate no alambrado de lado, e cai de volta a pista. Fogo, carros destruídos, cenário destruidor: era uma verdadeira cena dantesca. Os narradores da ABC americana chamaram a atenção para  intensidade da pancada. No começo não houve preocupações com ninguém em específico, pois o foco era que Will Power perdia as esperanças do título. Mas a partir do momento em que a bandeira vermelha foi acionada, a situação começou a preocupar. Wheldon fora resgatado inconsciente do seu carro, com uma enorme mancha preta no seu capacete, sendo entubado ainda na pista. Quem acompanha sites de automobilismo como o Grande Premio e seus jornalistas, destacando o excelente trabalho do caro Vitor Martins (@vitonez), via que as informações que chegavam não eram nada otimistas. A organização da Indy omitia noticias, não dava boletins sobre o estado de Wheldon, deixando todos apreensivos. O que ninguém esperava, infelizmente aconteceu: Daniel Clive Wheldon, 33 anos, não resistiu aos ferimentos e acabou por falecer no Hospital Central Universitário de Las Vegas. Uma noticia devastadora, que fez com que pilotos, equipes e telespectadores desabassem, afinal, era mais uma tragédia acontecendo no automobilismo, mais um esportista que fazia o que gostava, vencia, comemorava, era bem querido por todos deixava esse mundo de forma trágica. A corrida não recomeçou e o diretor da Indy disse a todos os pilotos para correrem cinco voltas sob Pace Car para homenagear Wheldon.

Wheldon comemorando sua última vitória, em Indianapolis neste ano.
Aí agora vem a torrente de perguntas: Até quando? Até quando teremos que continuar perdendo esportistas fazendo aquilo que move o sangue que corre em suas veias? Tá certo que os carros da Indy são seguros, mas porra... 34 carros num oval daquele tamanho, com uma média semelhante à pista do Texas. Era praticamente um chamariz pra merda, colocar tantos corredores, numa prova inaugural desse oval (A IRL correu lá em 2000, mas eram outros tempos). Foi besteira colocar esse tanto de carros? Claro que foi. Mas como sempre, dinheiro fala mais alto no automobilismo, e não se tem em mente dos riscos que um corredor pode estar correndo com 10, 12 carros a mais do que um grid habitual. Como já havia citado no Twitter, se tal affair estivesse prestes a acontecer na CART, simplesmente não aconteceria, igual ocorreu no Texas, na qual citei no começo deste post. Joseph Heitzler, presidente da CART na época enxergava esse lado com mais humanidade do que Randy Bernard. Enquanto isso, o atual presidente teve que ser o anunciante da triste noticia. É foda. Uma fatalidade que de certa forma poderia se prever.

Mas isso não foi o pior. Se teve um lugar onde o dinheiro, movido pela audiência foi mais colocado em primeiro plano foi na Rede Bandeirantes do Brasil, detentora (?) dos direitos da IndyCar IZOD no Brasil. A corrida como todos sabem e não é nenhuma novidade, não seria transmitida ao vivo pela emissora, apenas o VT, a partir das 19h45 de domingo. Aí vejam a cena: eu, acompanhando pelo Twitter e super preocupado com o Dan, chego em minha casa as 19h20 e vejo aquele sensacionalista ridículo do Milton Neves falando sobre a rodada do Brasileirão. Tá, até aí normal. Mas ia intervalo, voltava, e nada da rede divulgar uma só noticia sobre o acidente. E o pior: as 19h35, passa um comercial, anunciando a corrida da Formula Indy: "daqui a pouco, só aqui na Band!". Porra, segurar audiência desse jeito é mesmo uma coisa muito desumana, como se nada tivesse acontecido. Imagina como se sente um torcedor brasileiro do Dan Wheldon que não tem acesso à redes sociais. Realmente, o VT começou as 19h45, mas foram exibidas 10 voltas, o acidente e depois de um intervalo, já volta o Téo José anunciando a morte do inglês, assim sem mais nem menos. Uma coisa totalmente non-sense. Admiro muito o jornalismo do Téo José, mas ele não merece a emissora que paga o salário dele. Um momento tão difícil para os amigos, para a família do corredor, para os fãs e jornalistas profissionais ou amadores (o meu caso) de automobilismo, e a emissora que carrega a Indy nas costas desde 2000 consecutivamente trata de maneira tão banal, pra segurar audiência. É dificil, é difícil.

Conclusão de tudo: a Indy perdeu um dos seus melhores filhos, bicampeão em Indianapolis, pai de familia, amigo de todos; o oval de Las Vegas perdeu a sua reputação; a Band perdeu a noção de transmissão desportiva. Foi um dia dificil para todos nós, mas que poderia ter sido evitado, com um número menor de carros no grid e sem tanto apelo de velocidade que fazem pilotos correrem em pistas novas igual um bando de porras-loucas. Só resta agora torcer para que isso não aconteça mais, pois cada fatalidade tira um pouco do glamour, da paixão do esporte a motor. É inconcebível que um piloto, em 2011 morra num acidente, mas tragédias acontecem. Não há carros totalmente seguros e nem riscos que ninguém possa correr, afinal não somos imortais. Quanto ao grupo Bandeirantes, só tenho a dizer que precisam gerenciar melhor a sua programação. Porra, se um piloto da categoria que a emissora transmite está na beira da morte, por que não informar ao telespectador? "Ah, é por que aí, vão descobrir que não é ao vivo, já que futebol é mais importante!". Estão realmente no caminho para um sistema falido: botando sempre um esporte popular demais em primeiro plano, o resto que se foda. A emissora já é algo de reclamações constantes por transmitir uma temporada aos poucos, uma corrida aqui, outra no meio do ano, enfim, uma merda. Mas a transmissão de hoje deixou (e muito) a desejar.

No mais, que o nosso querido inglês, que pilotava demais, do sorriso aberto (até muito não acham?) descanse em paz e que esteja sempre olhando pelos pilotos que hoje, lamentaram a sua perda para esse esporte que tanto nos move, mas que tanto nos deixa com medo do risco: o automobilismo. É isso... Dia triste, mas como dizia Guilherme Arantes: "(...) infelizmente nem tudo é, exatamente como a gente quer!"

domingo, 24 de abril de 2011

Pessoa pública, postura restrita! Não se pode falar o que quer!

Essa semana foi marcada por um fato que deixou opiniões bastante divididas na imprensa brasileira. Se trata do plágio dito por muitos feito pelo grupo de axé music Parangolé da música Nova Era do grupo de Power Metal brasileiro Angra. Segundo alegado, os músicos baianos usaram sem a permissão do grupo de rock, o riff usado na música citada. Enfim, se foi plagio ou não, se vai dar processo ou não, apesar de ser muito fã do Angra, não vou falar sobre isso neste post e sim de algo que tende a repercutir diretamente não só nesse affair, mas em muitos outros que virão por aí.

O fato veio a tona no inicio da semana, tendo reportagens citadas nos principais telejornais do país. Na quarta feira, o Jornal da Globo com a apresentação de William Waack fez uma matéria a respeito do ocorrido, que segundo alguns, foi extremamente tendenciosa ao grupo Parangolé. Além disso, a produção da mesma cometeu o erro de creditar a composição da mesma ao guitarrista Kiko Loureiro, quando na verdade, o compositor foi o vocalista Edu Falaschi. E como estamos na era das Redes Sociais, aonde mais essa discussão poderia parar? No Twitter é claro! Logo apareceram milhares de usuários que criaram a hashtag #parangolixo hostilizando o acontecido, havendo insultos totalmente direcionados ao vocalista do Parangolé, Léo Santana. E foi justamente aí que começou a troca de farpas.

Kiko Loureiro enviou um tweet, falando a seguinte frase: "Podem até usar os riffs, mas  façam música boa com eles!", direcionado ao produtor da banda. A partir daí, Leo Santana começou a agir de maneira totalmente hostil, falando que iria começar a ouvir mais Angra para imitar mais. Vieram então, varias outras respostas de Loureiro e também do baixista Felipe Andreoli, como podemos ver nas imagens abaixo.

Leo Santana dando um belo exemplo de como um artista NÃO deve agir em uma rede social! Fonte: Whiplash


O sarcasmo do Kiko Loureiro ainda é politicamente correto. Há alguma ofensa aí? Fonte: Whiplash
A entrada de Andreoli na discussão. Fonte: Whiplash

Porém o que se vê é o seguinte: em nenhum momento, os integrantes do Angra agiram de maneira ofensiva, apenas de maneira sarcástica, ao se referir ao suposto plágio. Todavia a posição de Leo Santana foi totalmente contrária. O músico de axé disparou insultos totalmente aburdos, fazendo inclusive o uso de termos chulos, que sequer foram citados pela imprensa, já que o programa TV Fama da RedeTV mostrou a briga pelo Twitter de maneira bem sussinta. O resultado não poderia ser outro: a fúria dos roqueiros no microblog explodiu. No dia 22 de abril, aniversário de Leo Santana, uma série de xingamentos contra o músicos foi disparada no seu perfil. Ele, por consequência, nem ligou, mostrando-se inclusive com uma postura de "Não vai mudar em nada o que vocês tão falando de mim!". Apesar de não estar mais nos Trending Topics do Twitter, os hashtag #parangolixo ainda se estende mesmo passado todo o fogo da confusão. Uma declaração do vocalista Edu Falaschi foi politicamente correta. O mesmo mandou um tweet ao cantor baiano falando para resolver o assunto de maneira pacífica e com diálogo.


Reação de Edu Falaschi ao ocorrido.

Enfim, muitos irão chamar este post de tendencioso, totalmente a favor do Angra. Vamos lá: o objetivo disso que foi escrito não foi defender o grupo de rock e acusar em si o plágio, e sim, chamar atenção a uma coisa que vem ocorrendo com certa frequência. Como todos sabem, o Twitter é uma rede social bastante usada por artistas, celebridades e pessoas de bastante destaque na mídia brasileira e mundial. Com isso, direto surgem falhas ou gafes cometidas pelos mesmos. Por ser uma rede social livre, as pessoas tem o livre arbítrio de falarem o que bem entendem. Mas a partir do momento que a pessoa se torna pública, isso fica de certa fora limado. Temos que entender que nessa temática, a pessoa não é só um usuário da internet, da rede social; a pessoa se torna um objeto de holofotes e de reações, que surgirão de diferentes vertentes sobre tudo, mas tudo que essa pessoa falar. Leo Santana despertou nos tweets a postura de uma pessoa baixa e arrogante, isso no meu ver e de muitas outras pessoas, afinal, certos termos usados por ele não são adequados a uma pessoa que direciona a sua música a um público de todas as idades. É um caso que precisa ser revisto por qualquer pessoa ao se usar uma rede social. Se você é conhecido e influencia uma grande massa, seus termos precisam ser regidos de uma maneira que os mesmos ainda possuam classificação livre. Xingar nem sempre é a melhor maneira de resolver as coisas só pelo fato de isso impor machismo. Vamos repensar isso, todos nós! Twitter é para todos e deve ser escrito para que todos possam ler conscientemente.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Coisas que infelizmente não mudam!

E mais um piloto do automobilismo brasileiro entrou neste domingo dentro do seu carro, para fazer o que gosta e nunca mais voltar. O acidente fatal que vitimou Gustavo Sondermann ontem na Copa Montana, divisão da Stock Car que corre com disfarce de picapes da Chevrolet foi apenas mais um alerta grosseiro de como está a situação do automobilismo do brasil e como essa entidade medíocre chamada CBA está pouco se lixando para o lado humano da coisa. Parece que a lição não foi aprendida com a morte trágica do Rafael Sperafico quatro anos atrás, no mesmo ponto. O negocio é estampar patrocinador, dar audiência para  SporTV e o resto que se dane. Infelizmente as coisas são assim, e eu vou detalhar porque.

[caption id="attachment_175" align="aligncenter" width="450" caption="Gustavo Sondermann: Mais uma vítima da incompetência geral do automobilismo brasileiro! Fonte: Grande Premio"][/caption]

Desde os seus primórdios, a Stock Car Brasil sempre quis ser a filhinha da NASCAR: uma categoria com carros sedãs com motores potentíssimos, correndo lado a lado, tendo sempre o espetáculo como meta. Aí chega 2001, os motores de Opala são abandonados e os Stock passam a usar motor vindos dos EUA, com oito cilindros em V, 450 cavalos... Pronto, os carros viraram uma bala. E pra dar mais velocidade a coisa, a CBA resolve colocar o oval do Rio no calendário. A reação dos pilotos não foi nada agradavel, pois um tempo antes, aconteceram protestos na pista de Tarumã, considerada na época uma das mais porcas no quesito segurança (mudou alguma coisa?), nas quais correram 23 dos 35 pilotos. O piloto Xandy Negrão criticou a CBA pela escolha do Oval do Rio, deixando isso em uma entrevista que ele deu a revista Quatro Rodas em Junho de 2001. Segundo ele, os carros da Stock poderiam chegar a 270km/h na curva 3, e não teria potencia de frenagem segura para fazer a curva seguinte tranquilamente.

[caption id="attachment_176" align="alignleft" width="350" caption="O Xandy avisou, mas só ouviram depois da tragédia! Fonte: GPTotal"][/caption]

Achou-se no principio a reportagem um pouco sem importancia, até que a tragédia acontece. Quinze dias depois, o piloto goiano Laércio Justino, durante os treinos da corrida em Brasília, perde o controle do seu carro, escapa, passa por cima de um guard-rail mal colocado e bate a 175km/h em um guincho colocado fora da pista. O carro ficou completamente destruído tendo parte do seu santantônio danificado, dificultando o resgate do piloto, que demorou quase 45 minutos para ser retirado do carro. Laércio foi levado para o hospital, todavia não resistiu às múltiplas lesões e faleceu no mesmo dia. A categoria exigiu mais segurança, pilotos protestaram, mas nada foi feito. Chegou a se fazer uma analogia com o acidente que em fevereiro do mesmo ano, tirou a vida do piloto americano Dale Earnhardt nas 500 milhas de Daytona. Porém temos que levar em consideração as circustâncias: Dale usava capacete aberto e estava com o cinto folgado o que foi praticamente a sentença de morte dele ao bater no volante com tamanha desaceleração. Porém no caso de Justino, vários fatores foram absurdos: Área de escape topada de mata-burros, guard rail no melhor estilo Montjuich e pra piorar: o que a porra de um guincho faz dentro da área útil de um autódromo? A única mudança que surgiu foi a obrigação do uso do HANS. Mas, por favor né... qualquer categoria do mundo em 2001 já adotava o HANS, não tratemos isso como novidade.

E a Stock foi crescendo, crescendo, grids com quase quarenta carros em autódromos apertados e sem estrutura. Aí resolvem ir pra pista da Argentina em Buenos Aires. [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=F9HGRe1fOe8] Então, acontece outro acidente seríssimo: o piloto Gualter Sales é empurrado, escapa da pista, e bate em uma ondulação da pista, decola e cai em uma área restrita que dá acesso ao paddock. O carro se desintegrou completamente, gerando um clima de medo. Felizmente, ele sobreviveu porém abandonou a categoria. E quando tudo caminhava para a calmaria, acontece a merda.







Última etapa da Stock Car Lights em 2007: a jovem promessa, o paranaense Rafael Sperafico de 27 anos perde a vida em um acidente terrível na curva do Café. Depois de rodar, bater e voltar para a pista, seu carro é atingido em cheio por Renato Russo. Toda a carenagem do carro ficou destruída. O piloto teve morte instantânea. O fantasma da segurança dos Stock voltava a rondar, até por que a terceira irmã das categorias "No Security, Yes Speed", a Aussie V8



Supercars perdeu um dos seus grandes nomes, o piloto Mike Porters em um acidente igual no ano anterior, no circuito espetacular mas sempre inseguro de Mont Panorama. Criticou muito a curva, pois a mesma é um ponto cego, não tem área de escape e que nada foi feito desde o acidente que envolveu Mark Webber e Fernando Alonso em 2003. Falou-se muito também sobre a fragilidade dos Stock Car, que ainda usavam a clássica gaiola de aço, cobertas por fibra de vidro, tão seguros quanto papelão, enquanto por exemplo, a DTM, desde a morte do alemão Kieth Odor no circuito de AVUS em 1995, usava o monocoque de fibra de carbono. Enfim... questions? Answers? Answers? Questions? E nada foi feito novamente. Os pilotos fizeram um protesto,  pedindo para que fosse usada a chicane na curva do café, que geralmente é usada em corridas de moto. A CBA, que desde os primórdios nunca pensou no que o piloto acha, recusou a proposta sem contra-argumentação.

E agora, estamos nós, em 2011. Dezessete anos sem perdermos um piloto na F1; quatro anos sem perder um na Indy, oito anos sem perder um na NASCAR... e do nada, ligamos nossa TV e vemos a noticia que um piloto brasileiro morre após um acidente na Copa Montana. É de lascar mesmo. Temos que levar em consideração que foi constatado que o HANS de Sodermann estava mal colocado e foi responsável pelo traumatismo craniano. Mas pombas... Aonde que a F1, por exemplo, iria permitir uma corrida naquela chuva dos infernos? A estrutura dos Stock continua frágil como sempre. Se capotar, beleza, tem a tubulação toda, a cabeça do cara ta a salvo. Mas fibra de vidro não tem nenhum poder de absorção de energia, levando a força da porrada toda pro piloto. E outra, voltando na questão do HANS. EM NENHUM ESPORTE, UM ERRO HUMANO DEVE SER PAGO COM A VIDA DO ATLETA! A curva do Café continua perigosa, mas mesmo assim, ninguém toma uma atitude, e usa a tal chicane para diminuir a velocidade naquele ponto. Quer dizer, agora reabriram a discussão... Como sempre, tarde demais.

Sempre que acontecem essas batidas, me lembro de um acidente muito parecido que ocorreu em 2007 no circuito de Hockenhein, na Alemanhã na DTM. Nele, o piloto Tom Kristensen, rodou e foi atingido por outro carro em cheio.



Kristensen não sofreu um único arranhão. Isso não é apenas a mágica do monocoque, mas sim toda uma gestão que a FIA aplica em cima do automobilismo europeu para manter o consenso entre segurança e espetáculo. Enquanto isso, a labuta brasileira continua: Os stocks continuaram correndo como gaiolas mortíferas com patrocinadores do caralho a quatro por todo canto e a Rede Globo dando ênfase que é a melhor categoria de automobilismo do Brasil. E não é só isso: vemos autódromos sucateados por todos os cantos: o autódromo de Brasília, ninguém investe um puto naquele lugar e a terra toma conta de tudo. Virou lugar de constantes micarês e show de axé rolando open bar, sexo livre e afins (a garotada se amarra, mas pista pra mim é pra carros e não abadás). Ta na hora dessa entidade de bosta, chamada Confederação Brasileira de Automobilismo acordar e parar de tratar a parte humana da coisa. Dinheiro não é tudo. No ritmo que está, Sondermann não será o último. Até quando acordaremos de manhã para ver um cara perder a vida naquilo que gosta? É algo que doi para o público, para a familia, amigos e companheiros de pista e que realmente precisa ser mudado. Mas quando isso vai acontecer...? Quando quiser, basta haver gestão, coisa ausente desde sempre na CBA.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

The singer goes down on stage!

Hoje o Blog do Alex vai voltar alguns anos atrás, para falarmos de um grande talento da música. Todavia não falaremos de nenhum cantor que fez turnês milionárias pelo mundo ou que recebeu inúmeros Grammy's e que pouquíssimas pessoas conhecem. Isso porque, infelizmente essa pessoa acabou sendo vítima de um mundo que sobrepôs o dinheiro ao talento e no final das contas o mesmo mundo o deixou para fazer tudo sozinho, sem nem se importar como aquele frágil psicológico reagiria. E justamente por isso, o sonho de ser um grande talento reconhecido acabou tragicamente. Falaremos de Kevin Gilbert.

Welcome to Joytown

Você que gosta de Genesis, deve ter achado o álbum Calling All Stations pra lá de controverso. É um disco excelente, Ray Wilson é um bom cantor e ouve canções que realmente ainda mostraram o lado prog da banda, como One Man's Fool. Mas para muitos, aquilo não é Genesis, e sim uma tentativa de prosseguir com um nome de uma banda, que logo em 1998, viu que foi algo totalmente frustrante. Mas acreditem - até 1996, Calling All Stations era algo totalmente inimaginavel na cabeça de Banks e Rutherford, e Wilson era ainda aquele cara que estourou nas baladas com Inside, da sua banda pós-grunge Stiltskin.

O que aconteceu na verdade, naqueles idos da década de 90 no Genesis é uma história que poucos sabem. Como é de conhecimento, a carreira solo de Phil Collins ia de vento em popa, principalmente após o lançamento do álbum Both Sides em 1993, além da carreira de Mike Rutherford com o Mike and The Mechanics, que havia sido bastante proveitosa com o álbum Beggar on a Beach of Gold. O Genesis então ficou meio que em segundo plano. Quando a banda resolveu que queria lançar outro material, Phil Collins decidiu deixar a banda, no qual havia ficado 25 anos seguidos como baterista e vocalista. Então a banda estava a precisar de um bom vocalista, que correspondesse ao staff da banda.

Ray Wilson não foi a primeira opção. Essa posição pertenceu a um jovem cantor, que na época tinha apenas 27 anos e que já havia sido elogiado por grandes nomes da música, entre eles, o mega tecladista Keith Emerson. O nome desse jovem: Kevin Matthew Gilbert, americano, nascido na California em 1967. Desde cedo envolvido no mundo da música, este obscuro talento havia ganho um premio internacional em um concurso de tecladistas promovido pela Yamaha em 1988, e já havia começado um ano antes com uma banda chamada NRG. Posteriormente ele formou sua própria banda de rock progressivo chamada Giraffe, despertando a atenção de muita gente, como por exemplo, do tecladista Pat Leonard, que trabalhara no álbum A Momentary Lapse of Reason do Pink Floyd em 1987. Leonard se surpreendeu com a capacidade para qual Gilbert tinha como todos os instrumentos, e decidiram então trabalhar em um projeto musical juntos. Nisso, surgia a

[caption id="attachment_142" align="alignleft" width="250" caption="Uma rara imagem dos dois principais nomes do Toy Matinee: Pat Leonard e Kevin Gilbert"][/caption]

banda pop Toy Matinee, que lançou o seu álbum homônimo em 1990. O álbum tinha ótimas canções, porém não ouve sequer um pingo deincentivo da gravadora, tornando o álbum um fracasso de vendas. Com isso, Leonard decidiu simplesmente encerrar a história do Toy Matinee um ano depois.







Com isso, Gilbert começou a trabalhar tocando em bares californianos, sendo o principal deles o The Tuesday Music Club. Foi nesse cenário que ele conheceu a pessoa que mudaria completamente a história do músico, uma jovem cantora iniciante, mas que já despertava bastante talento chamada Sheryl Crow. Disso surgiu um relacionamento amoroso que parecia que iria dar de vento em popa: Kevin produziu o primeiro álbum da cantora, que levava o mesmo nome da casa de show onde se conheceram, fazendo ela estourar nas paradas. All I Wanna Do virou hit, ganhou dois Grammy's e tornou conhecida em todo mundo. Essa seria a hora de Gilbert ter seu talento espalhado pelo mundo. Infelizmente não foi assim. Depois que o sucesso começou a estourar de vez, Sheryl terminou o namoro com Gilbert, demitiu não só ele, mas também todo o staff que Kevin trouxe para produzir o disco. Querem ver a única menção que aparece à ele? No encarte do álbum, aparece Kevin simplesmente como tecladista do álbum, sem sequer ganhar um dolar pelo trabalho.

A partir daí, bastante magoado, Kevin torna-se uma pessoa diferente. Sem incentivo de nenhuma gravadora, ela passa a produzir trilhas sonoras para a televisão e longas. Mas como seu talento não era só isso, ele resolveu então trabalhar em um projeto solo. E o mesmo saiu: em 1995, era lançado Thud, um álbum inteiramente produzido por Gilbert que compôs, tocou vários instrumentos e cantou todas elas. Porém sem marketshare necessário, o álbum teve pouquíssimas vendas e se tornou raríssimo. Chegou-se até a fazer uma pequena turnê, restrita apenas à alguns estados americanos. Vídeos desses shows eram raridade até o lançamento do DVD Kevin Gilbert & Thud - Live at the Troubadour em 2009, que vinha acompanhado do álbum remasterizado.

Mas claro, quem conhecia o talento daquela fera, sabia que ele poderia ter uma grande chance de brilhar. E aí entra o Genesis. Com a saída de Phil Collins, procurou-se então um substituto para ser o vocal da banda. Nisso, o manager de Kevin Gilbert enviou fitas com gravações de Gilbert, inclusive dele fazendo uma perfeita performance de The Lamb Lies Down on Broadway no ProgFest de Los Angeles, com sua banda Giraffe, no fim de 1994.[youtube= http://www.youtube.com/watch?v=FRwE1cWKe2k] Ver Kevin Gilbert interpretando The Lamia era como voltar vinte anos antes e ver Peter Gabriel interpretando o fictício Rael, personagem principal do álbum. Aquilo despertou a atenção de Mike e Tony, que queriam imediatamente uma audiência com ele, para já planejarem um novo trabalho. Era como se o californiano fosse aquilo que faltasse para o Genesis não sucumbir. Então, assim que teve ciência da  noticia, o empresário de Gilbert foi até o seu apartamento para lhe dar a noticia. Ao chegar, encontra a porta do mesmo trancada, mesmo sabendo que Kevin não estava saindo de uns tempos recentes. Então depois de muita insistência, a porta é aberta e a cena é desesperadora: Kevin está no chão, desacordado. A emergência é chamada, todavia nada mais podia ser feito: Gilbert estava morto, com apenas 29 anos de idade, e sem completar aquilo que seria a sua maior conquista: ser reconhecido em uma banda de renome pelo seu talento.

O que muitos pensariam que seria uma overdose, um suicídio com arma de fogo, caiu por terra com a causa mortis emitido pelos legistas: Gilbert faleceu vítima de uma Asfixia Autoerótica, que geralmente provocada durante a masturbação ou no ato sexual quando se tenta prender a respiração para se obter mais prazer, e aí meu amigo, o cérebro fica sem oxigênio suficiente e a pessoa corre sério risco de vida. Outro grande talento da música, o australiano Michael Hutchence, vocalista do INXS, morreria no ano seguinte da mesma causa. O mais desconsertante é que sabe-se que Gilbert fora cremado, porém não se sabe até hoje onde foram depositadas as cinzas.

Claro, tinha muita coisa ainda que aquele cara havia deixado incompleto, afinal um talento tão grande não iria se resumir em um setlist tão pequeno. Foi então descoberto vários trabalhos de Kevin que estavam incompletos, entre eles o mais genial deles: The Shaming of the True era uma ópera rock que contava a história do personagem fictício Johnny Virgil, um jovem que sonhava brilhar no mundo da música, e que quando se encontrava no auge do sucesso, passou por tudo que o universo financeiro da música oferece para detonar a carreira de qualquer um. As letras são excelentes, inclusive podemos destacar a música Suit Fugue, feita toda acapella e talvez a música que mais destaque no álbum: Certifiable #1 Smash. O trabalho estava incompleto e coube ao baterista do Spock's Beard, Nick D'Virgilio, grande amigo de Kevin concluir a instrumentação que faltava do trabalho, tendo o mesmo sendo lançado em 2000. Uma obra que foi praticamente uma autobiografia de Kevin Gilbert expressada em música, que pode ser comparada aos personagens épicos criados pelo rock progressivo, como Rael de The Lamb Lies Down on Broadway (Genesis) ou Pink de The Wall (Pink Floyd), mas que assim como os outros álbuns não teve destaque e é raridade de se achar, a não ser no site oficial do mesmo, ou de maneira ilegal em sites russos de download.

[caption id="attachment_146" align="aligncenter" width="450" caption="O diário da vida musical de Kevin exposto na alma de Johnny Virgil. Isso é o The Shaming of The True"][/caption]

Posteriormente foram se achando outros trabalhos incompletos, como a dupla de álbuns Bolts e Nuts, gravados no início de 1996 e sendo lançados em 2009 juntos. Contam com algumas inéditas e regravações do álbum Thud e Toy Matinee. Foi também lançado o Kaviar Sessions, álbum que Gilbert gravou com a banda Kaviar, que possui letras de temática adulta, não recomendado para menores de 18 anos, além da coletânia Giraffe, contando com os grandes hits de sua primeira banda. Isso tudo em 1999. No ano de 2002, o tecladista Keith Emerson lançou em seu álbum Emerson Plays Emerson uma música For Kevin, homenageando seu grande amigo de época.

Realmente, foi um grande talento, talvez o músico mais injustiçado da história, mas que hoje deve estar tocando sua bela melodia em um lugar que ele sempre quis ter, tendo aquilo que sempre desejava: viver para a música, como ele canta na música Parade, que abre a sua ópera-rock póstuma.

 

Tá, vocês irão dizer que esse artigo está muito parecido com o da Wiki. Explico porque: o da Wiki fui eu que escrevi também, afinal era o mínimo que eu podia fazer para um grande ídolo que eu não tive a chance de ver, de assistir e que muitos daqueles que gostem de boa música possam ainda apreciar. E aproveitando a oportunidade, vou deixar uma palinha para vocês ouvirem. No site oficial, foi disponibilizado gratuitamente (isso mesmo, 0800) o primeiro trabalho de Gilbert como músico, feito junto com seu amigo Jason Hubbard, em 1984. O álbum foi intitulado No Reasons Given, tendo Gilbert apenas 16 anos quando o mesmo foi gravado. Alguém duvida que o cara era um puta talento?

http://kevingilbert.com/audio.htm

 

Um grande abraço e até a próxima!